Publicado em 18/10/2023, às 07h30 por Yulia Serra, filha de Suzimar e Leopoldo
A paternidade não foi um sonho pronto na vida de Arthur Prandato Buzatto, mas ele entende, hoje, que apesar de não planejado, sempre se preparou para o papel que hoje desempenha como pai de Laura, de 3 anos, e Helena, de 4 meses. Isso somado ao cargo de presidente, sócio e mantenedor da Escola Vereda, transformou a visão de mundo e significado que dá para cada questão na vida. Enquanto a paternidade trouxe o sentimento de pertencimento e senso de responsabilidade fundamentais para o trabalho, a carreira agregou um propósito de vida.
ARTHUR BUZATTO: No sentido de traçar rotas para que aquilo aconteça, não, porque não acho que ter filho é escolher um livro na prateleira, mas as coisas sempre aconteceram muito naturalmente. Eu tinha um relacionamento duradouro, você vai ganhando maturidade. Os dois momentos, da Laura e da Helena, foram momentos não planejados, mas ao mesmo tempo não evitados e bastante esperados.
AB: Sim. Estava no projeto familiar. Eu e minha esposa tínhamos 10 anos juntos quando a Laura nasceu. Com um relacionamento bom, maduro, duradouro, não éramos tão jovens, trabalhando, tínhamos um ambiente externo controlado. Tem outro ponto fundamental também. Para mim, as coisas na vida ficam mais fáceis quando a gente, de fato, internaliza um senso de responsabilidade maior, quando você se sente mais pertencente àquilo, porque você se envolve por inteiro naquilo. E pelo menos na minha vida, a paternidade foi e é o grande assunto que trouxe esse senso de responsabilidade e pertencimento.
AB: Sem dúvidas! Eu estava comentando uma situação com minha esposa sobre a Laura e Helena e a gente babando. Todo mundo fala que filho muda a vida, eu sempre ouvi isso, e realmente muda, mas não consigo descrever o quê. Você valoriza outras coisas, várias pequenezas da vida ficam do tamanho certo, pequenas. É uma vida muito mais feliz e completa.
AB: Eu sou advogado de formação. Eu trabalhei com fusões e aquisições por oito anos. Eu gostava do que eu fazia, não tinha pretensão nenhuma de mudar, até que eu recebi o convite para ir para a Escola Vereda, em 2018, um projeto novo com um lindo propósito.
AB: Oferecer uma educação de qualidade a preços acessíveis. Dentro da lógica que, olhando para a educação no Brasil, o problema não é necessariamente a qualidade, mas muito mais o acesso.
AB: O projeto é lindo e a necessidade dele é até óbvia, mas é difícil de ser executado. Demandava um pouco de “loucura” para dar um pontapé inicial (rs). Eu estava casado, não tinha filhos e minha esposa estava em um trabalho estável, então era um momento que eu poderia me aventurar. Entre o convite e eu de fato ir para a Vereda foram cinco ou seis meses.
AB: Quando saí do meu trabalho, o plano era me arriscar e, se desse errado, eu voltaria. Mas logo que fui percebi que não queria voltar a fazer o que eu fazia antes, porque era muito legal isso daqui. Trabalhar com educação é incrível, trabalhar num projeto como esse é mais incrível ainda e, pessoalmente, eu estou me deparando com assuntos, pessoas e perspectivas que eu nunca vi. Inicialmente eu entrei para montar a parte jurídica e regulatória e um ano e meio depois de eu entrar fui convidado para assumir como CEO.
AB: Eu entrei na Vereda em 2018, virei CEO em novembro de 2019, em 2020 veio a pandemia e a Laura nasceu em outubro, e em maio de 2023 a Helena nasceu. As coisas se mesclaram muito e se ajudaram muito. Ao mesmo tempo em que profissionalmente eu fiz uma atividade mais plural, mais diversa – que a paternidade exige, essa maturidade e responsabilidade que a paternidade me trouxe, me ajuda a lidar com as situações do profissional e dimensionar as coisas. Foi muito maravilhoso ter acontecido tudo junto.
AB: Sem dúvida, em diversos aspectos. Primeiro, com a maturidade, que faz com que eu seja um profissional que dificilmente vou perder a cabeça, segundo pelo fato de eu especificamente lidar com educação tendo filho me ajuda super. Eu sei o que é entregar um filho na escola. E o último ponto que me mudou como profissional é ser uma pessoa bem mais eficiente para conseguir dar conta de tudo (rs).
AB: Dois pilares na origem da Vereda me motivaram: o inconformismo com o cenário brasileiro de educação e o sonho de mexer, de fato, nessa realidade. Nosso objetivo era garantir uma escola de qualidade com preço acessível. E para começar, a gente foi buscar referência fora, o que é uma escola em padrão internacional (o que remete à qualidade e acessibilidade). A qualidade diz respeito a um ensino integral de verdade. Na Vereda o estudante fica 8 horas por dia com professor, e para isso eu tenho que pensar em outros contextos. Então incluímos dentro do nosso pacote alimentação, o material didático, pensando em ter um ambiente gostoso, as escolas são muito bonitas e bem grandes, também desenvolvemos esportes. Essa é a questão da qualidade e em relação à acessibilidade tudo isso precisa ser viável do ponto de vista financeiro para toda família.
AB: É possível desmembrar o desenvolvimento do nosso estudante em três pilares: desenvolvimento mais tradicional (o núcleo duro, o que cai no vestibular), habilidades para a vida (preparar esse estudante com ferramentais que não são tradicionais, como curso de programação na grade curricular) e habilidades socioemocionais (porque não adianta aprender tudo isso e não conseguir aplicar). Outro diferencial é a aula de inglês todos os dias, então equivale, de fato, a um curso de inglês.
AB: A educação é um processo comunitário, por definição. O fato da gente ser uma escola em período integral ajuda muito no sentido de ter mais tempo com esse estudante, de conhecê-lo melhor. Nós também temos o Comitê de Proteção ao Estudante, feito na pandemia, em que discutimos situações de estudantes em específico para trazer luz para algumas situações. Esse tempo de trabalho permite essa identificação grande individual do estudante, o que faz com que a gente consiga ter conversas muito diretas com a família, porque, de fato, a gente conhece o estudante. A escola tem um papel superimportante e absolutamente catalisador desse processo de desenvolvimento, mas tem, enfim, o papel principal das famílias nisso. De fato, essa participação é algo que a gente tenta costurar bastante com as famílias e por nos direcionarmos de maneira mais específica em relação a aquele estudante, faz com que a família também respeite mais o nosso ferramental pedagógico.
AB: Se a gente conseguir incutir senso crítico e um quê bastante razoável de desafio próprio nessas crianças e ao mesmo tempo fazer com que os responsáveis, os pais, permitam, criem ambiente para essa criticidade, para esse quê de desafio florescer, é golaço.
AB: Família é tudo na medida em que ela faz parte de tudo, minha família está em tudo. Minha família está no meu trabalho, no meu círculo de amizade, nas atividades que eu faço. Tudo o que eu faço, eu faço pra minha família.
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